terça-feira, 17 de agosto de 2010

Lenda da Moira encantada

Conta a lenda, que uma jovem Princesa Moira veio para Montemor para casar com um Nobre Fidalgo da terra, como garantia de um tratado de paz e comércio com um Rei Moiro.
A jovem era linda, e, enquanto a vila vivia dias de paz e prosperidade, entre o casal cresceu um profundo amor.
Entretanto o reino começa a enfrentar dias difíceis com a morte do Rei de Portugal, que não deixou filho varão, e com os Espanhóis a querem tomar conta do território.
Com toda esta instabilidade, Montemor suspende o comércio, e, por precaução, tranca as portas do castelo.
Passado algum tempo, chega ao castelo um mensageiro de D. Nuno Alvares Pereira, pedindo que todos os Portugueses se juntassem à causa nacional, e que, todos os que estivessem capazes, se juntassem em Évora, para formar um exército que combatesse os invasores.
O Nobre Fidalgo Montemorense parte assim no comando de cerca de duzentos homens da guarnição do castelo, deixando a sua Princesa muito chorosa.
Passaram muitos meses, e a Princesa continuava olhando diariamente o horizonte, do alto da torre de menagem, esperando o seu amado.
Um dia, finalmente, o Nobre Fidalgo regressou, trazendo com ele uma carta assinada pelo Mestre de Aviz, e com o selo de D. João, Regente dos Reinos de Portugal e dos Algarves, onde se pedia ao Alcaide que, devido aos feitos valorosos em combate e em defesa da Pátria, recebesse condignamente os valorosos soldados Montemorenses e o seu comandante.
Passadas algumas semanas, e os soldados, comandados pelo Nobre Fidalgo, regressam de novo à guerra, deixando a linda Princesa de novo muito chorosa.
Depois de várias lutas contra grupos invasores, participaram na batalha de Aljubarrota, onde, apesar da vitória, o Nobre Fidalgo Montemorense ficou gravemente ferido; conseguindo regressar a casa, viria no entanto a falecer nos braços da sua amada.
Com muitas honras, muito sofrimento, e muita dor, o Fidalgo foi enterrado no nosso castelo, onde apenas a notícia de que a guerra tinha terminado, conseguia aliviar a tristeza geral.
Com a paz a reinar em Portugal, e com o marido morto, era chegada a altura da Princesa seguir o seu destino, e regressar ao Reino de seu pai.
Numa fria manhã de Outono, a Princesa preparava-se para deixar o castelo, e, acompanhada pelo povo, dirigiu-se à porta de armas, onde os soldados em guarda de honra lhe prestavam homenagem.
Nessa altura, a Princesa olhou para trás, e viu junto dela muitos gaiatos, que lhe jogavam flores, e o povo que lhe acenava com lenços.
A Princesa tentou partir, mas os seus pés não se conseguiam mover.
Voltou-se de novo para trás, e viu que os gaiatos se afastavam, e que o povo guardava os seus lenços.
A Princesa olhou para o céu, sorriu, e, com um passo miudinho, regressou ao palácio, acompanhada pelo povo que lhe dava “vivas”.
Ao chegar junto do Alcaide disse-lhe que, antes queria que ele a mandasse matar, e a enterrasse junto do marido, ou que a mantivesse ali prisioneira para sempre, mas que não a obrigasse a abandonar Montemor.
- Podes ficar para sempre, foi a resposta do Alcaide!
E assim foi, e, ainda hoje, a Princesa Moira vagueia “encantada” pelo castelo.
Muito poucos a viram, em noites de luar, a pentear os lindos cabelos, numa das janelas da torre do Anjo, mas muitos são os que são os que foram por ela “encantados”, não conseguindo deixar Montemor, ou não resistindo ao regresso, nem podendo ficar muito tempo sem ver a torre do castelo.

2 comentários:

Paula disse...

Esta lenda escrita no dia do meu aniversário tive que ler:-)
Gostei muito acho que a Princesa fez bem em ficar porque é uma terra bonita!!!
Belíssimas imagens e óptimo relato da lenda que não conhecia. Parabéns!!!
Beijinhos,
Ana Paula

Anónimo disse...

" mas muitos são os que são os que foram por ela “encantados”, não conseguindo deixar Montemor, ou não resistindo ao regresso, nem podendo ficar muito tempo sem ver a torre do castelo."

é assim MESMO !!!

Bjs